Amalgamar circunstâncias de
viés produtivo é questão de alicerçar premissas não de ordem prática, mas do
próprio significado de suas substâncias, procedimentos, a arte, a cultura ou
idiossincrasia, para não se utilizar jargões iconoclastas do passado, mas que
remonte a construção do saber. A questão vai além da produção nas modalidades
do mundo contemporâneo, senso essencial a área da segurança como setores que
tentacular e inteligentemente suportem a fluidez necessária para o andamento, e
talvez essa seja a questão a se elucidar antes mesmo de se passar a mão na
obra, na consecução do que se deva fazer para implementar melhores condições e
garantir acesso e permanência em trabalho, segurança alimentar, creches seguras
e inteligência cabal, não importando a modalidade, pois o que está em jogo é
justamente não jogar na crendice ou circunspecção dos vieses onde se realizam
trabalhos de ordem e natureza, por vezes distintos, mas sempre se possível
necessariamente complementares... Esse retorno a uma consciência dos fatos práticos
e relevantes não compulsoriamente revelarão que, em uma única etapa se possa consolidar
um trabalho realmente progressivo, pois quando a região é extremamente
pauperizada não é tarefa fácil realizar a contento a missão de se buscar um resultado
no que se espera de fruto, mas se for sincera alguma ponta do esforço já criará laços de entronizar quiçá algum serviço ou outro que possivelmente, dentro de
possibilidades cabais, são factíveis de progressos futuros, em outras etapas,
assim, sucessivamente, dentro do contexto da lei do esforço compensatório, que
seria ver uma planta brotar, quando esta brota por vezes na aridez, como no
semiárido nordestino a coisa é um pouco similar, se valer a metáfora e o
trabalho é diuturnamente árduo para se recriar a lavoura. Mas que com essa
assertiva não se crie uma expectativa de que se esteja aventurando por questões
preferenciais, mas apenas que, porquanto um país como o nosso emerge questões
superlativas de pauperização crônicas, é mister fazer cirurgicamente ou
pontualmente trabalhos, mesmo em tentativas, mesmo em etapas quiçá no começo
emergenciais, para sanar problemas maiores e mais de premência do básico em si.
Há que tecer em paralelo diversas
ações, mas a ingerência do que se trata no contexto deste humilde excerto é como
realizar algo, independente de ações como serviços ambulatoriais ou bélicos
essenciais, com poucos recursos, focando em possibilidades de que sejamos
independentes na questão da produtividade e oportunidade de se mover
engrenagens adormecidas em seios sociais há muito no ostracismo, utilizando-se
para isso do voluntariado como mola motriz que permita a mescla maravilhosa do
encontro entre diversos níveis do extrato social como um todo, e seu paulatino
aprendizado, com dinâmim confere cores que se tornam mais
harmônicas em processos de finalização, apesar de às vezes parecer que a
pintura se tornou um borrão em uma jornada de um dia, semana, mês ou mesmo ano.
Mas o importante é que se utilizem as ferramentas necessárias: se um letrista
aprende, sendo analfabeto, a pintar a letra A ou a, ou que seja, a princípio na
letra de forma - maiúscula ou minúscula -, mais pragmática, estará aprendendo a ler e a escrever, e
motivado por um resultado em que a manufatura depreende a gratidão em se conhecer
não apenas o signo, mas a semântica e a prática do trabalho, vinculado à
esperança de possuir a vertente de receber seu pago no futuro por estudo e
esforço, no conceito supra citado de “esforço compensatório”. Por similaridade
de desenho gráfico, ele inverte o A e desenha o V, suprimindo a haste
horizontal e agregando mais repertório grafológico: para isso por vezes da padronização simplista das maiúsculas no início, sem a preocupação de ordens estéticas. Com mais um ele – L – já possui
a palavra LAVA, e possui o significado semântico de procurar ao menos essa
primeira palavra em um smartphone, com a orientação de alguém que não precisa
ser professor ou ter a graduação para tal, mas que, tal qual na troca de um bastão,
assume a tarefa de ensinar e suprimir a dificuldade e alentar para a luz do
display, motivando mais e mais, e abrindo a outra, além de muitas, portas para
que se consiga a luz necessária para o andamento da “engrenagem reflexa”, posto indiretamente apreender o significado do verbo lavar e do substantivo lava. Se
esse aprendiz das letras redescobrir em tijolos que porventura saiba assentar,
pode brincar com essas três letras em tijolos e montar suas equações, com
palavras recriadas na estrutura ainda incipiente de seu vocabulário, mas que se
torna universal no ato, e esse ato pontual em um indivíduo se espelhará no
coletivo de seus amigos e familiares, no muro, em uma letra em um pequeno
cartazete de ofício e, com a prática dos materiais, a obra de arte de uma letra
ou palavra... Do esforço compensatório, passa ao ato recompensado, ou arguição
de que encontrou uma saída existencial para além da necessidade de construir
seus conceitos dentro da esfera restringida por um pensamento estanque, onde o
homem chega a crer que muitos se ajudariam, mas através de pequenas cartilhas
de letras e como se chega lá a pintar e ser letrista o movimento da mão
empunhará sua sabedoria para além da estimativa mesma das pretensões existenciais,
levando o ser a uma dimensão de espaço onde a redescoberta se dê não na
condição preliminar, mas no ato em si, na prática cotidiana e aí sim, com
diálogos profundos com a matéria e o conhecimento.
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