EDITORA ESPAÇO
Arte e textos.
sábado, 5 de abril de 2025
A CONSTRUÇÃO DE UMA CONVENÇÃO NACIONAL ONLINE DE RECUPERAÇÃO DO ALCOOLISMO É ALGO QUE SURPREENDE ENQUANTO POSSIBILIDADES, PORQUANTO SEJA ALGO QUE DISTRIBUI CONHECIMENTO, INFORMAÇÕES E DADOS E PERMITE A PARTICIPAÇÃO AMPLA E GERAL DENTRO DE UM ESCOPO DEMOCRÁTICO PLENO E AFIM A NOVAS DESCOBERTAS E UNIDADE RECRIADA A PARTIR DA COLETIVIDADE DE SEUS GRUPOS.
O USO DA NICOTINA CAUSA INÚMERAS DOENÇAS, INCLUSO LETAIS, MAS NENHUMA DE CONSEQUÊNCIAS PSIQUIÁTRICAS, MAS POR VEZES LARGAR O VÍCIO DESSA DROGA HÁ QUE TER ACOMPANHAMENTO MÉDICO, POIS A SÍNDROME DE ABSTINÊNCIA, PARA QUEM FAZ USO DE MEDICAMENTOS PSIQUIÁTRICOS DEVE TER ACOMPANHAMENTO DE UM PROFISSIONAL, MUITAS VEZES.
NO MEIO DE UMA ESTRUTURA DE VICIADOS EM PÓ, A ENGRENAGEM CHEGA A SER DESNORTEANTE, COM UM MOTO PRÓPRIO, UM TIPO DE QUASE TRANSE EXACERBADO POR UM TIPO SINISTRO DE ORGANIZAÇÃO, POIS QUANDO SE LAVA O DINHEIRO USANDO, OS CHEFES TRABALHAM COM OS LEÕES DE CHÁCARA E "AMIGOS EXTERNOS", PARTIDÁRIOS DA MESMA "ORGANIZAÇÃO", E MESMO UM AGENTE TREINADO TEM QUE SER MUITO ARGUTO PARA ABRIR NOVAS FRENTES INVESTIGATIVAS.
A PARTIR DO MOMENTO DA PROIBIÇÃO SEXUAL CONSTRUÍDA SOBRE TABUS E FETICHES, A PULSÃO NÃO REPRIMIDA DO ID PODE SE TORNAR UMA BUSCA IRREFREÁVEL PELO PRINCÍPIO DO PRAZER, REAL MOTIVAÇÃO DE TANTOS CASOS DE ADULTÉRIO E ASSOCIAÇÃO COM O CRIME DURANTE ATOS ARRISCADOS MUNDO AFORA, QUANDO AS DEFESAS DO PRINCÍPIO DE REALIDADE E SEUS RECALQUES DO INSTINTO POR VEZES NECESSÁRIOS SÃO RELEGADOS A SEGUNDO PLANO, E AS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS EM GERAL SÃO PARTÍCIPES NESSA MODALIDADE DE ATUAÇÃO NO PROCESSO EXISTENCIAL HUMANO.
sexta-feira, 4 de abril de 2025
Essa referência inerente ao Outro é o tópico de uma piada infame sobre um pobre camponês que, tendo sofrido um naufrágio, vê-se abandonado numa ilha com, digamos, a Cindy Crawford. Depois de fazer sexo com ele, ela lhe pergunta como foi; sua resposta é “Foi ótimo”, mas ele ainda tem um favorzinho a pedir para completar sua satisfação: poderia ela se vestir como seu melhor amigo, usar calças e pintar um bigode no rosto? Ele lhe garante não ser um pervertido enrustido, como ela verá assim que lhe fizer o favor. Quando ela o faz, ele se aproxima dela, dá-lhe um tapinha nas costas e lhe diz com o olhar malicioso da cumplicidade masculina: “Sabe o que me aconteceu? Acabo de transar com a Cindy Crawford!” Esse Terceiro, que está sempre presente como a testemunha, nega a possibilidade de um prazer privado inocente e intacto. O sexo é sempre minimamente exibicionista e depende do olhar de outrem. COMO LER LACAN.
A QUESTÃO DA INTENSA DROGADIÇÃO NO SEIO DE UMA SOCIEDADE DE UMA NAÇÃO COM UM SERVIÇO DE SAÚDE PÚBLICA, OBVIAMENTE É A FALTA DE RECURSOS QUE O SERVIÇO HÁ DE TER PARA SUPRIR A DEMANDA CAUSADA POR ESSE PROBLEMA SOCIAL, E SUAS INFERÊNCIAS ATINENTES NA FORMA DE AGIR DA SEGURANÇA PÚBLICA, QUE DEVE AGIR PARA PREVENIR O TRÁFICO E COMBATER O CRIME COMO UM TODO, POIS A SAÚDE MENTAL ESTÁ INTIMAMENTE RELACIONADA COM ÁLCOOL E AS DROGAS.
A ordem simbólica, a constituição não escrita da sociedade, é a segunda natureza de todo ser falante: ela está aqui, dirigindo e controlando os meus atos; é o mar em que nado, mas permanece essencialmente impenetrável − nunca posso pô-la diante de mim e segurá-la. É como se nós, sujeitos de linguagem, falássemos e interagíssemos como fantoches, nossa fala e gestos ditados por algo sem nome que tudo impregna. Será isso o mesmo que dizer que, para Lacan, nós, indivíduos humanos, somos meros epifenômenos, sombras sem nenhum poder real próprio? Que nossa autopercepção como agentes livres autônomos é uma espécie de “ilusão do usuário” cegando-nos para o fato de que estamos nas mãos do grande Outro que se oculta por trás da tela e puxa os cordões? COMO LER LACAN.
CÔNSCIO DE ALGO, QUE SEJA
A verve se nos dite algo, a ser mais do que um simples numeral
Em que passamos, esferas de estatísticas, ou enfermos críticos de falsas
plenitudes
Quando, o que se nos espera é apenas o tempo, esse culminar de uma meia lua,
onde estiver
Que um homem olhara em sua luz: reflexo solar, que essa sapiência da realidade
é crível e fato!
Pudera o homem recriar a realidade para outra mais confortável, e que real
lacaniano é esse: intangível, não descritível, não sendo
Quando o sujeito suposto saber saberia mais do que o Grande Outro, ou mesmo um
estudante nada soubesse
Além de medidas teóricas antes de planificar seus estudos em busca de um solo
mais firme onde pousar seus pés...
Nada do que seria essa outra realidade, quem sabe a pulsão do id o fora, na
vertente de modulação de uma fantasia
Onde uma mera questão de sinapses quanto aos receptores de uma droga
Atentam mais à impressão da dependência de fato, do que a mesma percepção quase
alterada
Da ausência da substância que verte no sangue a empatia melancólica do vício...
Não, que a noite já é vitoriosa, não recai o poeta em mais nicotina do que já
houvera
O suficiente mínimo e estável em que o número foi satisfatório, e a performance
do dia encerra na medida
O alvéolo não retraído, os dentes que não sopraram derrotas, o exercício nas
máquinas
Ou, outrossim, a página que não virara em sua poesia para refratar o tempo que
ganhara pelo esforço.
PARA QUEM SOFRE DE MALES MENTAIS E TOMA REMÉDIOS FORTES À NOITE, O PERÍODO DA MANHÃ AÇAMBARCA SENSAÇÕES QUE PERFAZEM UM TANTO DE SOFRIMENTO PSÍQUICO, E A NICOTINA APENAS REITERA A CONFORMAÇÃO DE QUE SEM ELA ELES PARECEM QUE RECRUDESCEM, PORTANTO É NESSAS HORAS QUE TEMOS QUE SER ESTÓICOS O SUFICIENTE PARA REDUZÍ-LA E AGUENTAR COM O OSSO DO PEITO, POIS ESSES EFEITOS VÃO PASSANDO DURANTE A JORNADA DO DIA, E A ESTABILIZAÇÃO DO QUADRO NOS PERMITE EVITAR, PAULATINAMENTE, O CONTATO COM A SUBSTÂNCIA VICIANTE, POR VEZES SEJA O ÁLCOOL, QUE APARENTEMENTE CORTA O EFEITO DESSAS SENSAÇÕES, MAS CAUSAM SOFRIMENTOS CUMULATIVOS POSTERIORES, E MAIS ACRÉSCIMO NA MEDICAÇÃO, POIS A DOENÇA SE ACENTUA NA MESCLA DAS SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS COM OS MEDICAMENTOS, FUNCIONANDO, COMO SUBSTÂNCIA NOCIVA AO QUADRO CLÍNICO MENTAL DO PACIENTE, SENDO A NICOTINA UMA SUBSTÂNCIA QUE NÃO AFETA A MENTE DO PACIENTE, APENAS CAUSA SOFRIMENTO PSÍQUICO NA FALTA DELA, QUANDO O PACIENTE TEM ESSE VÍCIO, MAS CAUSANDO DANOS IRREPARÁVEIS AO ORGANISMO DO SER HUMANO, COM DOENÇAS CRÔNICAS EM GERAL, INFARTO E CÂNCER.
QUE ESTRANHA FORMA DE CONCESSÃO
Uma reta final de dois dias, o vício se me pega de antemão
Qual redil, fumara um cigarro pela manhã, e escrevo despegado
Mas na exatidão e conformidade do ato, a medicina será escorreita
Mesmo porque não tenho a concessão de que o resultado do exame tenha sido bom
Apenas para estar cônscio de parar, e estarei na jornada final...
O intervalo dos estudos, a preocupação com um trabalho de compromisso, fumarei
muito menos
E esse é o propósito para não chegar ao doutor com as mãos vazias, quando sua
técnica é assaz importante
E demanda que eu crie minhas próprias, retemperando, posto de manhã, com as
horas da noite se me pegou vontade tremenda.
O aço que me turva os olhos, na alocução de um simples bastão da droga
Parece dispor a concessão de uma anuência, mas garanto que o embate não cessará...
No entanto disto a paráfrase de ter atualizado meus estudos, e não estudarei o
capítulo lacaniano das psicoses,
Pois isso é tarefa da psiquiatria, resumo meus estudos onde Freud me conceda
seu saber
E prossigo com as tarefas conformes do dia, por vinte e quatro horas a mais, e
que hoje estas sejam
Um salto adiante ao meu próprio consentir, posto ao menos tenho que manter o
milagre de estar com o pulmão em dia.
Ao dispor da concessão que não devia moralmente me permitir, sei que o vício é
uma enfermidade, mas há que se virar pedra bruta
Para não claudicar tanto, e quando a luta de se estar fumando menos cansa a
gente
Estarmos afeitos a largar de vez, significa que a menor taxa de toxina já nos
permite
Arremeter para um trabalho de abandonar – sempre com orientação médica –
Algo que para nós é digno de um regalo posterior, com o devido trato e
atenção...
quinta-feira, 3 de abril de 2025
A DISTINÇÃO DA FUGA DA REALIDADE NA NEUROSE E NA PSICOSE É, NA NEUROSE, O RECALQUE DO ID PARA UM RETORNO DA REALIDADE, ONDE SE SACRIFICA UM FRAGMENTO DO ID, E NA PSICOSE A MODULAÇÃO DA REALIDADE EM FUNÇÃO DAS DEMANDAS DO ID, OU SEJA, SACRIFICANDO UM FRAGMENTO DA REALIDADE, MODULANDO-A PARA UMA OUTRA, SUPOSTA E RECRIADA, MAS EM AMBOS OS CASOS É NATURAL A FUGA DA REALIDADE E A RECRIAÇÃO DE CONTEXTOS APARENTEMENTE MAIS CONFORTÁVEIS EM BUSCA DA NEGAÇÃO, OU DO RECALQUE MAL ACEITO, OU DA REALIDADE INCOMPATÍVEL.
AS FORÇAS MORAIS DE UM HOMEM SADIO NÃO NECESSARIAMENTE SÃO PLENAS, MAS QUANDO UM HOMEM QUE COGITA ESTAR MUITO ENFERMO AS POSSUI E RECEBE A NOTÍCIA DE QUE NÃO ESTEJA NECESSARIAMENTE ENFERMO, SUAS RESERVAS MORAIS CRESCEM NATURALMENTE, E CONFORMEMENTE COM O ANDAMENTO DE PASSOS MAIS AGIGANTADOS PELA FORÇA QUE IMPRIME A CERTEZA DE SUA SITUAÇÃO ORGÂNICA DE SEU CORPO, ENQUANTO TEMPLO DE SEU ESPÍRITO...
QUANDO ADULTOS BRINCAM DE JOGAR COM VIDAS HUMANAS, ISSO É SOBREMODO SÉRIO, POIS DEMANDA ESTAREM PRATICANDO POR VEZES COM BOTÕES DESASTRES IRREPARÁVEIS PARA A DIMENSÃO HUMANA E PLANETÁRIA, NO CASO DAS GUERRAS, FRIAS OU QUENTES, OU NA ACEPÇÃO NUA E CRUA DE QUEREREM UM PODER COMO UMA MISSÃO A QUE SE DESTINA A PRÓPRIA DERROTA DE SE VEREM EM POSIÇÃO MAIS VULNERÁVEL, POIS QUEM GOSTA DE VENCER DEVE SABER ACEITAR A DERROTA, JÁ QUE QUEM LUTA HOJE EM DIA A ENCONTRA COM MAIS FACILIDADE DO QUE QUEM SEGUE EM PAZ SEM RUÍDOS MAIORES, OU SEJA, PARA QUEM PRATICA O BEM, NÃO HÁ LUGAR PARA A MALDADE, E HÁ JÁ AGENTES BEM TREINADOS PARA LUTAR EFETIVAMENTE CONTRA ELA, NO MANO A MANO.
O LÚDICO NAS CRIANÇAS
O caso
de P., 12 anos, perde a mãe de um infarto fulminante. Uma criança que a
terapeuta trata e nas terapias tem sido assíduo e pontual... Um menino ativo,
até demais, seriam os momentos em que pudesse ser mais infantil aqueles que
sequer se permite. Bom aluno, visto com certa prepotência, mas sofre de anurese,
depois de ter ocorrido o falecimento da mãe. As ferramentas no trato
psicanalítico com crianças passa pelo brincar, são outras, deve-se entrar em
seu imaginário, e no caso desse guri, quiçá quando pensara que deveria estar
presente junto com a mãe para que nada tivesse acontecido, posto estava com a
irmã, sendo ele um temporão, a irmã, já casada, e uma espécie de mãe tamponada.
Na figura da analista, igualmente, uma outra figura, parecendo todas, incluindo
a tutora da escola que lhe dá as aulas de reforço, igualmente figuras que
preenchem essa necessidade da mãe, essa questão da falta, que o menino nega em
sua fala, dando uma de durango kid, de super herói, dentro obviamente de seu
imaginário algo desconstruído, meio frágil, mesmo sendo experto no jogo, sendo
um bom filho de seu pai e bom e devotado aluno, praticante de karate, etc.
Huizinga
já falava, em seu “Homo Ludens” o aspecto de jogo na civilização e nas
culturas, desde as mais primitivas às mais desenvolvidas, desde os diversos
ramos de atividade, como o esporte, o jogo em geral, os games se desenvolvem, e
como milhões de pessoas jovens, adultos e crianças fazem uso desse manancial de
entretenimento. Na psicanálise especialmente, para entrarmos no universo
infantil, o jogo é algo soberbo, pois o campo simbólico do discurso se dá na Natureza
desses pequenos seres de forma mais simbólica do que imaginamos... É através do
jogo das cartas e de não saber perder, que P. manifesta sua forma de ser mais
responsivo, maior, mais importante, zeloso e quiçá até um pouco prepotente,
ocultando uma agressividade que pode estar latente, e seria com esse recurso
extraordinário que o analista deveria se colocar frente ao desafio de extrair o
sentimento de culpa e de castração que o menino esboça frente à fantasia de que
se estivesse junto à sua mãe evitaria o pior, apesar de ter sido um infarto
fulminante, e fatalmente nada poderia ser feito. Mas deve ser um trabalho
escalonado, por etapas, na medida em que se desconstrói a estrutura imaginária
desse analisando, possibilitando não relacionar diretamente esse mesmo aparato simbólico
com seu problema de anurese, derruindo o processo e desmistificando o saber
mesmo da fantasia criada, repondo ou diluindo em outros paradigmas psíquicos. O
uso de bonecos, uma representação teatral que revele a frustração, ou
propriamente um super-herói que frustrasse a expectativa de nada fazer, seria
uma boa medida para entrar no imaginário do menino, ou o jogo em si, observar
como ele reagiria à possibilidade de derrotas, ou mesmo revelar a essa pequena
persona em construção que errar é humano, e que somos sujeitos a falhas, mas na
realidade há erros em que efetivamente não somos responsáveis por eles. E que
essa culpa não deve ter razão, mesmo que saibamos que a razão é um terreno
relativo, principalmente quando tratamos de um terreno como o inconsciente, e
como as coisas se precipitam em sentimentos, recalques, e castrações dessa
ordem.
Em
síntese, na análise dos adultos utilizamos o campo do simbólico, do imaginário
e o real, na visão lacaniana, assim como no ego, no superego e no id, na
questão freudiana, e na questão infantil não é distinta, apenas as ferramentas
de se alcançar o domínio expressivo do analisando é distinto, mesmo sabendo que
por vezes quando cremos que o jogo é excelente para uma abordagem infantil,
quiçá muitos adultos joguem o tempo todo igualmente, mas isso se dá no plano
das ideias, da associação livre, e quiçá de uma razão e soberbas que distinga o
ser do próprio ser, fenomenologicamente falando, na pura questão existencial de
afirmações ou, quando tecnicamente a busca pela terapia é sincera, na exposição
evidenciada de nossos mais íntimos sofreres...
SEMPRE A MESMA HISTÓRIA: A JUVENTUDE CONFUNDE A POLÍCIA, QUE SERVE PARA NOS PROTEGER, COM A REPRESSÃO, POIS INSISTEM NA QUESTÃO DAS DROGAS, FUMAM, BEBEM DESPUDORADAMENTE, E DEPOIS ACABAM TENDO QUE TOMAR VOLUMES DE MEDICAMENTOS, DANDO MAIS PREJUÍZO AO ESTADO E, PIOR, A ELES MESMOS... ENQUANTO A ILUSÃO DE QUE A IDEIA DE QUE VIVERÍAMOS ALGO PARECIDO COM UM PASSADO QUE NÃO RETORNA MAIS, BASTA ESTUDAR, VOLTAR AOS BANCOS ESCOLARES, E FAZER DESTE PAÍS UM PAÍS MELHOR, POIS NÃO ADIANTA TRABALHAR PARA ALIMENTAR O VÍCIO, ISSO NÃO É VIDA.
quarta-feira, 2 de abril de 2025
SENDO AS DEPENDÊNCIAS QUÍMICAS, ENTRE ELAS O ALCOOLISMO, CONSIDERADAS ENFERMIDADES MENTAIS, CABE A UMA SOCIEDADE CIVIL UNIDA, COM SEUS PROFISSIONAIS DE SAÚDE, SUAS EQUIPES E IRMANDADES DE RECUPERAÇÃO TRABALHAREM PARA O BEM COMUM DE TODOS OS ATORES DE NOSSA SOCIEDADE, INCLUSO OS VITIMIZADOS POR ESSAS INTERCORRÊNCIAS.
O SENHOR BLOOM APONTOU RÁPIDO. PARA APANHAR E ANDAR ATRÁS DELA SE ELA FOSSE DEVAGAR, ATRÁS DE SEUS PRESUNTOS MOVENTES. AGRADÁVEIS DE VER COMO PRIMEIRA COISA NA MANHÃ. DEPRESSA, DESGRAÇADO. SECARA A ROUPA ENQUANTO O SOL BRILHA. ELA PAROU FORA DA LOJA À LUZ DO SOL E FLANOU PREGUIÇOSAMENTE PARA A DIREITA. ELE SUSPIROU NARIZ BAIXO: ELAS NUNCA ENTENDEM. SODACAUSTICADAS MÃOS. UNHAS DOS ARTELHOS ENCARAPAÇADAS TAMBÉM. ESCAPULÁRIOS CASTANHOS EM TRAPOS, DEFENDENDO-AS IDA E VOLTA. O FERRÃO DO DESDÉM LUZIU ARREFECENDO O PRAZER DENTRO DO PEITO DELE. PARA UM OUTRO: UM GUARDA-CIVIL DE FOLGA APERTAVA-A NA ALAMEDA ECCLES. ELES APRECIAM AS DE BOM TAMANHO. SALSICHAS DE PRIMEIRA. Ó, POR FAVOR, SEU GUARDA, ESTOU PERDIDA NESTE PARQUE. - TRÊS PENCES, POR FAVOR. ulisses, james joyce.
MECANISMO DA COMPULSÃO
Não há
exatamente a certeza de sermos ou estarmos tendo compulsão, mas em termos de
vícios certamente há. Falo disso, sou um adicto à nicotina, e agora já tenho a
gana de fumar um, quiçá para poder escrever algo que faça sentido, ou que
alerte, conforme a minha própria experiência, a outros, o que é estar afeito a
uma sensação de abstinência que sequer começara, meio que em um “rito
preparatório...” O ato de fumar para agir intelectualmente, o ato de se
preparar para um estudo, mesmo que se porventura a experiência da abstinência
vem de roldão, o fato é saber que essa mesma experiência de sentir a pulsão por
algo, por uma substância, pode vir a dar nos costados de uma reflexão que pegue
mais fundo na verdade, pois é essa a intenção, como se fosse eu a minha própria
e intencional cobaia de mim mesmo. Longos termos escreveria, quiçá sobre
aspectos de um narcisismo febril, onde a mesma faculdade intelectiva estivesse
sobrecarregada de falhas, quando a lógica, o lado racional do ser humano,
aparentemente, sob o testemunho de alguns, especialmente os adictos ao
tabagismo, se sentem quando lhes falta o cigarro, ou quando não houve aquele
inicial, meio que preparando quase espiritualmente um laivo de mediunidade na
questão, o que vem a dar com os burros n’água, pois certamente isso não faz o
menor sentido à luz da ciência da mente.
O
correr das palavras, como estas se pronunciarem, vem dar as luzes da citada
experiência, e que me perdoem as linguagens extremamente lógicas, pois não sou
e nunca fui um filósofo, e quem me dera conhecer sequer as bases empíricas de
tal doutrina. O fato é que me alivia escrever, e não me dá vontade de fumar
escrevendo assim, livremente, associando coisas e mais coisas como se eu
estivesse postado diante de um terapeuta. A associação livre de ideias
porventura é um recurso que Freud implementa como modo de se dizer algo, e digo
isso nos moldes em que esteja fazendo um tipo de auto análise, onde o objeto em
questão sou eu, me lerei depois e verei onde estaria a compulsão que agora se
me desatrelou dos caminhos da minha própria verve, quando sei que a razão que
me impeliria a fumar não vai ocorrer até terminar o escrito, e escreverei pela
vida, pois sei que a pulsão de morte influencia deveras o pensamento de todo o
viciado que não se realiza através do princípio de realidade...
Em um
momento de tensão, onde cito essa mesma pulsão, se me invade, quando me levanto
para reler a assertiva, aquele reflexo condicionado de querer pegar um cigarro
e acender, quando sei que este mesmo parágrafo agora estará convocando aqueles
que possuem sensações semelhantes, que a história pode ser postergada para o
capítulo de um próximo e um próximo parágrafo, discorrendo sobre a compulsão, a
Natureza do vício e do viciado, o que o levaria ao ato e quantos paus para
construir uma canoa de limpeza seria ou faria parte de um caráter honesto em
reafirmar ser tudo uma experiência descritiva, e não uma narrativa fantasiosa
esse tipo de tese em que tudo se resume na expressão pura e simples de meras
palavras. Eis aí, caro Freud, vossa associação livre, eis aí a possibilidade de
experimentar a sensação de não se sofrer, porquanto – sejamos realistas – quem vos
escreve apenas está saindo da compulsão ritualística preparatória, e demandará
horas para sentir os efeitos da abstinência, e quiçá, agora dentro de meu
próprio domicílio-laboratório, possa descrever outros momentos da citada
abstinência e ficar pelo menos por hoje abstêmio da substância, ou fumar um
cigarro antes de dormir, mas isso é tarefa quase desejante ao revés, no que
infira que há um misto de idealização no prosseguir, então prometo ao leitor
que fumarei um cigarro depois de toda essa narrativa, apenas, ou melhor, se for
possível procrastinar, fá-lo-ei, por uma suposição quiçá pretensamente
coerente.
Um
misto de pesquisa me encerraria um trago no tabaco, mas envolvo-me com a outra
pesquisa que postulo, que seja envolver tudo o que diga respeito à dependência
e a racionalização que faço meio que tentando explicar, mas na realidade é
apenas um arremedo de teoria quase conspiratória contra a nicotina, o que tento
empreender, posto a reflexão e a expressão humanas são meios que podemos
encontrar para sublimar as pulsões, incluso aquelas causadas por substâncias
que as causem fisiologicamente, ou seja, organicamente... Quase paro por aqui,
meio que me acovardo, torno-me mais adoecido, ou mais mentiroso, pois neste
exato instante pensei dar um fechamento na fala e fumar um cigarro, mas na
realidade tenho algumas obrigações a cumprir e creio que as ordens médicas sobre
a abstinência e sua crise deveriam me fazer mascar uma goma de nicotina, mas
tentarei encerrar o texto tentando ver com cautela se os seus descaminhos
emascaram realmente os erros em que o pensamento pode vir a claudicar com a
ausência da substância.
Uma
breve pausa, não estivera falando muito com o pouco que me restava de uma consciência
mais desperta, mas um ansiolítico me fez bem agora com suas três gotas.
Resta-me uma calma, não fora à substância, mas sim as palavras agora possuem um
gesto mais leve, tal a sensação que experimento. Em outras palavras, são quase
sete da noite e parti tardiamente para um tipo de ação combinatória, onde um
bom médico havia dito que seria ótimo escrever sobre a abstinência, enquanto
outro afirmara a possibilidade de se acalmar com recursos dentro das
possibilidades à mão. Quem sabe o grande James Joyce encaminhasse, em seu “Ulisses”,
o seu personagem pelas ruas de Dublin, sabendo de sua Helena, o esperando em
sua casa, os seus desapegos sintáticos, e aí começo quiçá a querer devanear
muito sobre literatura: deveras!
Abre-se
a chave: o vício passa, a pulsão passa, somos capazes de reinventar a roda,
sublimar inclusive um grande tóxico que tanto nos arremete contra a nossa
saúde, física, mental e espiritual. Quiçá fosse um bom espírita, mas na mesa
branca Kardecista, um dia me disseram: não é bom fumar, jamais fume! Se
porventura eu encarasse o credo mediúnico, porventura acreditaria ser bom
fumar, ou isso não complicaria tanto a minha saúde mental que o cigarro viraria
motivo para delírios dessa magnitude? Ou a crença absurda de outra religião que
o charuto ou o cigarro alimentaria o Cavalo... Que os pais de santo o sabem de
sua crença, isso é indubitável, digno de respeito, mas um médium não deve crer
que depende de uma substância para sua “entidade” poder fumar. Pelo menos não
arremeto por essas veredas, pois quero estar limpo, e a prova disso é ter
podido escrever um texto que tento situar dentro de uma realidade praticável e
possível a respeito de um vício tremendo, e que nada e nenhum espírito estaria presente
em minha companhia para que eu pudesse escrever o que bem entendo, pois sou um
homem com minha crença espiritualista, e inclusive no Kardecismo se prega que
devemos orar por quem já desencarnou para que possam seguir seu rumo na Paz do
Senhor.
A DIALÉTICA DO ENTRE ANÁLISES
Mulher,
J., 34 anos, paciente psiquiátrica de depressão, tomando medicamentos.
É
singular vermos que na síntese final, depois de discorrer tantas coisas
relacionadas à sua negação enquanto mãe, a vontade de apenas dormir, comer,
depois dormir, e nada mais, quando nega que nem os filhos mais gostaria de ver
e que sua mãe é melhor mãe deles, e negar sua vida, que nada dá certo, o
analista lhe pergunta: “... você lembra como foi quando seus filhos começaram a
andar?” Ela responde: “Nossa, eles caíam direto. Andavam ‘tudo torto’, sem ritmo
e sem jeito...” Ou seja, poderiam ser várias respostas, como: eles eram uma
gracinha, eu achava esse desenvolvimento da infância muito rico para mim e etc.
Mas o analista, opondo-se dialeticamente ao discurso da paciente, lhe diz: “E
você estava ao lado deles?” E ela: “Sim sim... sempre...”
Fechando
magistralmente uma análise como poucas, deixa nas entrelinhas e encerra nesse
exato momento, se despedindo da paciente, deixando em aberto o encontro que ela
deixara escapar consigo mesma, de que houvera ser mãe o tempo todo, e tudo que
ela demonstrara de angústia frente ao marido, frente a presença de um Grande
Outro que a tudo a observaria, de estar sufocada por circunstâncias
existenciais profundas, verte na sessão, exatamente naquela última assertiva em
que geralmente Lacan, com sua experiência encerrasse sempre a sessão, pois já
acharia ser o suficiente. A psicanálise não é um processo que acontece apenas
durante a sessão, pois é exatamente em seus intervalos que a dinâmica não
cessa, e a dialética da existência vai se contrapor à experiência única de uma
outra sessão onde porventura as questões mais profundas virão mais
classicamente à tona, quando um insight vira revelação na fala do paciente, de
si para si mesmo...