quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

O TRONO DE ÉPHESON


              A alvorada era a primeira. Primeira da noite... Épheson dera mostra que a elipse não seria torta em sua geometria, porquanto o planeta se tornasse sombra de algo que sua imaginação não abraçasse em plenitude, mas a exatidão de sua ciência era oculta a outros imortais igualmente. Não que quisesse ter o nexo do erguimento de uma semântica de comportares geométricos, mas a inexistência de vértices nessa curva relembraria a necessidade de colocar certos pingos nos is...

              Aquela noite seria uma primeira da semana, ou porventura a semana citada não terminaria a contento? Agora seria um tempo, aquela noite, um caso a mais perdido na solidão de não se ter, comendo algo de pastéis, quando um perfil qualquer anunciasse o fruto da influência da rede sobre o seu tutano? Ou a alma perdida e maquiavélica da dona daquele carro onde Épheson calculara suas rodas seria uma dama de pernas morenas como a tessitura da pele de seu rosto? Uma morocha, uma mulher, pronta a fugir para algum lugar: para onde não se saberia, quem sabe um grande salão elíptico em Buenos Aires... Onde se refestelaria, nos idos em uma outra ilha, na Calle Florida, em uma comunhão com o improvável, talvez. Desfeita, deitaria em uma cama de chumbo com outras auroras, e viviria a lembrança de mares onde não houve sequer um homem, mas as pétalas de morcegos... A sua própria negação, faria um amor como sempre, beijando sua própria ternura e encontraria Camila, sua amante, desfeita nos mesmos lençóis e construindo o chumbo de um colchão mais afeito ao amor do que a areia pisada por densos e profundos calcários na profusão de mais uma viagem sem reminiscências amorosas de fato.

              Éphesos apenas vira a sombra da morena, mulher de olhos rápidos, argentina por convicção, plena e arguta, culta certamente, mas seus pastéis o esperavam quando eles esperava que a noite os trouxesse quase transparentes, e a água tônica veio com a embalagem quase de um feltro azul mais escuro, quase sem outras tonalidades de recorte, e ele recordou a imagem da chuva naquele verão neutro, e lembrou-se da elipse sem vértices, e a mulher havia se levantado, e uma senhora a acompanhava. Lépidas, transpuseram algum umbral: o único; e ele recebe os pastéis, os come e vê no olhar rápido e reflexo da mulher morena o trigal da incompreensão e consentiu a crítica sem sentido.

              Qual trono, saiu de sua cadeira, foi pagar a conta e seu estômago borbulhou com a água que era tônica como seus pensamentos, quando olhou para um homem de grandes orelhas e este se pronunciou murmurando algo como se houvesse um significado maior, retirando de Épheson o último resquício de ternura da noite, quando este digitou uma senha que era a de sempre, e que significava que ele podia estar com aquela gente, porque a senha lhe conferia um valor e um acesso, sendo a noite companheira do comércio, a ele se passava isso, nada mais do que isso...

              Cordato, enumerou tijolos, viu os vidros, olhares vidrados, viu gente feliz com a felicidade dos resultados e talvez houvera compreendido que, para certa gente, o significado da palavra meta é saber que a exclusão do afeto faria parte da Natureza como objetificação plena de um comportamento onde a ironia pensa que pode com os homens mais livres por opção.

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