quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

CARTA A UMA OSTRA SOLITÁRIA DESPREGADA DA ROCHA


                Terias a Natureza de uma dama cosmopolita, ou seria o seu gesto a solidão do não apertar seus botões mais secretos? A urdidura de seus segredos, pois sim, a maturidade de suas pétalas, quais não seriam, cheirariam a perfume, ou seria o seu gesto algo oculto porquanto enquanto não se encontrasse consigo mesma estaria afeita a um mundo barbaramente desonesto? Temo que não, posto a desonestidade pode ser a arma mais sóbria de uma mulher, quando sabe de si que não põe freios na mandíbula de seu caráter... A carta é para dizer algo, se me entendes, não és ninguém porquanto não seja eu igualmente, apenas um rapaz latino americano com mais de cinquenta anos. Por um triz que o tempo tenha passado por você meu pássaro de asas com vida breve, com a liberdade de viajar, e, queiras saber, eu já passei por aí por através do avião dos meus pensares, e já estou pousado em algo que porventura crêsseis fora coração, mas é apenas uma pequena máquina de carne que bate no peito de um pobre coitado que, bem o dissestes, o fez da humilhação sua seara, pequena flor de lótus petrificada no jardim do Yamuna. A flor que pensavas ou tivera secaste, mas a imensa grama do jardim acaba de crescer mais um palmo em dois dias, se não te apercebes?

                Se te crês soberba em tua grande aventura, saiba que será uma última aventura que porventura poderia ter sido ao menos próxima da realidade... Posto enfeixas um velho de bom caráter, e o poluis com seu tirocínio de medusa, melíflua como a página da enganação de que seria aparecer, mesmo que algo de crível passe pela cabeça do velho, com a arguta intenção, Deus que nos valha, de inferir poder onde não há a menor possibilidade, e deverias saber disso. Agora seja uma que dure o melhor possível para encontrar, que o seja, as petúnias são evidentes, minha cara, e eu só lhe escrevo porque sei que ao menos se tiveres a consciência de ler algo nas letras, que a carta ao menos lhe encontre bem, devidamente inseminada, ou não... Talvez essa carta seja genérica e de fato é. É para muitas mulheres que não se encontraram jamais, e jamais deram de seu imo ou amaram de fato, a não ser que a mulher-objeto realmente exista, mas que, isso é possível ainda? Ledo engano se não houvesse afirmativa, na resposta a infelicidade é saber que as descoladas e duras não se permitem amar, talvez por isso não fiquem com transtornos mentais, pois aquelas que se doam não aguentam muitas vezes a truculência e a brutalidade de certos homens... Mas porventura a cautela da entrega é factível de estratégias, e o pragmatismo feminino por vezes é algo que certos românticos laivos de conduta sequer compreenderiam, incluso a pequena flor que a mulher talvez escondesse dentro de si para ofertar aquele que porventura um dia a amasse, mas isso é conclusão que, obviamente, o poeta deixará a ser resolvido àquela que um dia o amar de fato, veraz e ferozmente, como uma riqueza pétrea, por vezes uma negra que reside na África de um Brasil que compactua com a união étnica como a única possibilidade simbiótica entre um homem e uma mulher de bem. Só me entenda que a rocha onde te despregastes não voga em uma paráfrase onde o homem sói ensaiar para ver se algo de sentimentos, dentro de uma chuva que não passa de ilusão, não seria maior do que o tempo em que nos sentiríamos melhores, mas se passa que um homem e uma mulher em missão, outros, já não podem cumprir outras definições afetivas, tal não fosse, estar de bem com o mundo, já de outra forma ou de uma relação consensual mais profunda, querida...

                

Nenhum comentário:

Postar um comentário