quinta-feira, 3 de outubro de 2024

O VALOR DO GESTO


       Porventura estamos cientes do que vem a ser um gesto? Como lançar uma bola ao cesto, ou uma nave espacial à atmosfera, ou um navio ao mar, ou mesmo afagar uma gramínea com algumas gotas de água pura, o que vem a ser do todo, ou ao toque, ou a uma torre que a tudo queira controlar? O controle é necessário, mas o gesto que impõem um display, um smartphone àquela criança que mal saiu do leite materno, e já tergiversa, já dialoga com seu brinquedo, antes que ao menos lhe ensinassem a magia do tamgram, ou as táticas do xadrez, pois de games a variedade é tamanha que ao menos do gesto da mãe ao oferecer ao pequeno ser o aparelho que tudo e a tudo pertence no mundo, esse gesto possui por vezes um valor negativista, posto imposição do meio, e não escolha, ou manufatura de se saber utilizar o que esse meio esconde, e onde reside o dedo mais produtivo, quando sincronizado com a escolha, ou desejo de transformar a matéria cerebral para melhor…

       O gesto afetivo da esperança, a criança mais crescida, afeita às possibilidades do mesmo meio, esse meio democrático, meio não, no que não infere o poder da escrita, pois não há teclados maiores, e o ser humano, qual rato de laboratório, só poderá passar mensagens telegráficas, e não discorrer sobre maiores temas, porquanto não possua sequer um desktop para seus trabalhos. E aí se prolifera o meio como alterno, como saída para novas possibilidades onde a action script toma seu vulto, e quem não possui um estúdio de programação infere querer possuir o poder com o meio este, supracitado e limitante, porquanto não detentor de um que seja verdadeiro e mantenedor da produção profissional, de fato. E o gesto afetivo decai, porquanto inócuo e passivo em uma linha do tempo, tornando-se a ação efêmera e temporal, contabilista, não qualitativa e perene, mais fruto de eventos, e socialmente os eventos e as lives se tornam igualmente temporais, enquanto nas universidades os próceres continuam vivos, e os pensamentos gigantescos dos pensadores viram esteio das elites. Naquele gesto gratuito de falar e proceder, dizer o que se quer, o que vier à cachola, na irresponsabilidade política, e imitar o palhaço torna-se crônico, e o mané quer ser mané quando lhe convém… E acabam sequer citando o que fariam com os moradores de rua, com relação a um gesto humano, mas que “darão um jeito”, pois defender o humanismo com relação à carestia extremada quiçá não seja um gesto que dê votos, pois para esses oportunistas as elites dominantes sói se resguardarem e aos seus quando, finalmente, o gesto leviano oportunizará melhores dias para que os ricos fiquem mais ricos, e a miséria vire caso de “outros gestos...”

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