domingo, 13 de outubro de 2024

O QUE É NÃO SERIA


Posto ser, qual não tivesse
Ao pão amanhecido, o amanhã
Ou uma noite entregue ao relento
Quanto de cidadania seria o prescrito
Em se ver no outro o que não vemos em nós…

Do da rua, o da marquise, o do asfalto, o nó
Que desfazemos construindo outros, a dissensão, a dúvida, a droga.

Miserere, qual mácula em nós mesmos que não vemos
Aquilo que sequer nos faz conta, não ganhamos para isso
Posto o que lucraríamos por sermos humanos?

Bolsões gritam, cada qual em seu silêncio, os pés escalavrados,
As mentes inquietas, e um farnel de doces daquilo que pretendemos
Para passar os momentos aprazíveis no colo da nossa vida burguesa
Onde sequer passaríamos diante de nossas máquinas em trocar o óleo…

A vida não seria, simplesmente, a saúde mental é coisa de rico
Já que muitos sequer sabem se na areia do paralelepípedo delirante
Encontrará uma pedra de crack nos restolhos da insanidade.

Qual não fosse, um corote apenas, e olhe que a Corote já é quase multinacional
Posto oferecer um quase drinque de pobre aquilo que já possui até mesmo sua keep cooler!

Vira sinônimo o signo de uma guerra ausente, o esfomeado luta sem armas
Por ventura a possui uma em seu saco de latas, onde carrega nas costas
A questão cooperativada da miséria, o catar latas já vira a profissão do futuro
Posto quem sabe em dois quilos possa defender uma mordida na empanada da padaria
Onde o chocoleite dependeria de mais dois dias de jornada dura...

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