sexta-feira, 2 de agosto de 2024

DA NATUREZA E SUA DIMENSÃO QUASE IRRECONHECÍVEL


        Que desconheçamos o que temos por adiante, o movimento de um rio, o contraponto de suas pedras, a harmonização cromática de seus verdes nas margens, o que seria bastante afirmar que seus diálogos não propriamente transcenderiam a Natureza ela mesma, mas seria o conforme sobre o que realmente é, o que existe, não por privilégio de poucos, mas por lócus do que seria democraticamente acessível a todos que participem daquela. Naqueles países onde se mantém o acesso livre, posto por outro viés se quer por vezes fechar, mas são os países que mantém a flora tão incólume, que transude poder estar com a mesma ciência dialética de sabermos que nos ramais de um rio muito limpo perto de sua origem, por vezes quando entra em uma cidade grande, já estará tão poluído que tarefas despoluidoras abraçariam um contexto muito mais amplo do que a especulação sistêmica do que venha a ser a corrida imobiliária.

        A casa comum, de Francisco, nosso Papa Bergório, se torna a questão mais evidente que na verdade temos que cuidar do que temos como maior patrimônio, pois manteríamos tudo o que se refere às bases de sustentação de nosso mundo, de toda a ingerência planetária, pois não haverá sequer um nível de compreensão ou ensinamento do que venham a ser os povos originários da floresta, tudo o que eles significam para o ser humano ocidental ou oriental, todas as civilizações, se não possuímos essa base, a terra, os rios, os mares, a lavoura, a coleta, modalidades de caça, regadio, etc, como tão bem explica Darci Ribeiro em sua grande obra: “O Processo Civilizatório”.

        A dialética parte de um ensinamento cabal, e suas maneiras são tão próprias que qualquer civilização, seja ela nômade, urbana, chamada “primitiva”, as que são de mercado e querem abarcar de modo a serem o todo enquanto realidade, aquelas que contestam – e com razão – esse deus-mercado, aquelas que inferem o Poder como algo mais necessário do que a vida e passam por cima da vida de qualquer um pela simples possibilidade, as forças das armas e seus titulares, que no mais das vezes defendem a Natureza bravamente, todos estariam com vieses de transformação premente, querendo da matéria a matéria bruta, mas o consonante é que a mesma Natureza citada contém tudo o que é anímico, e sua dimensão energética é aquilo que fará a diferença, ela mesma, e recriará tudo e todos sob os alvores de nossa própria dimensão espiritual, pois quem não gosta de levar sua família ao parque, e curtir horas com seus filhos, nessa paz de se estar em comunhão com tudo o que um jardim oferece, em meio muitas vezes de uma metrópole cinza e sem horizontes?

        Em síntese, em um simples gesto de se estar aceitando os diversos mundos onde nos encontramos, não estabeleceremos mais nossa ânsia de achar que no nosso discurso chauvinista de possuirmos uma cultura que seja superior, ou que somos um novo império, e que tenhamos que nos sobrepujar sobre tudo e todos, assumindo o caráter dogmático do antigo dominador, não participaremos da Natureza como ela é e colocaremos, ou ao menos tentaremos, colocar a pressão contrária ao diálogo constante que existe entre o que é sensato e humano perante todos os que existem no planeta, com suas idiossincrasias como um todo, pois as Américas, a Oceania, a África, a Europa, e tudo, a Ásia com seu rubor e soberba, todos temos a garantia universal de nossos direitos humanos internacionais, e isso reza que não tenhamos que catequizar culturas posto essas já fazem, há muito tempo, da dimensão que por vezes sequer desconhecíamos, nós, e nossos sistemas em que vivemos dentro da restrição da vivência em que estamos existencialmente contidos em bolhas existenciais...

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