O tempo
que outrora se perde na memória, a mim me diz a quem disse que se apagaria o
mesmo átimo, as mesmas sombras de meu passado, quais, não fossem o próprio
inventário de mim mesmo que sucede seja algo de meus mais profundos erros e
despropósitos, requisitos e falhas existenciais memoráveis na perda e na
falta... As lembranças, uma infância de estudos, uma adolescência de estudos e
os amores não consagrados, um tipo de virgindade existencial, quando a ausência
do amor fora tão recorrente, a covardia que guardo em sequer ter manifestado o
meu amor, não fosse a questão, tão inibitória, de tamanha covardia, que agora,
refeito depois de tantos descaminhos e vis tentativas regressas de falsa
rebeldia, me encontro me revelando, só que em excesso, não possuo sequer a
humildade que teria tido em outro mais jocoso excesso, e que hoje guardo como
substância algo complexa, no viés de que agora a coisa pesa mais, posto seja o
momento de andar com as próprias pernas, posto não há quem possa ajudar a
ensinar o caminho, mas o grupo dá as sugestões para tanto, e essa
intercorrência íntima com o passado me faz lembrar detalhes quase como em um
filme, em flashies, em passagens ou em remotas ações, naquilo que possuo de
sagrado ou profano em mim, no que tento remover quiçá tardiamente, o que seja
ruim, tarefa talvez impossível pois remonta passagens outras que possam ter
cristalizado no meu imo mais íntimo.
Nessa
questão de se ter um destemor em ser testemunha de mim mesmo, não que vogue não
ser agora um bom homem, mas esse critério pode ser equivalente numa faceta
social onde em outras essa busca da mínima sensatez pode causar certos
prejuízos... Toda essa questão de querer ocultar os defeitos de meu caráter por
si só é rocha por vezes intransponível, e é na gema oculta de minha própria
verdade que gostaria de poder tocar, mesmo que o ego falso me surpreenda
querendo que seja eu o homem projetado pelo meu próprio e lúdico e impossível
desejo de perfeição. Talvez eu tenha construído sobre a minha personalidade
regressa uma utopia de um mim mesmo, algo tão absurdo que não seja mais a
questão espiritual, ou mais ainda, seja apenas essa a questão, e tenha sido
mais materialista do que o abjeto dos fracassos mais redundante. O medo é não
ser objetivo, o medo é que sentimentos subjetivos embacem a minha verdade, quem
tenho sido e, o pior dos medos, é justamente não saber se quem eu suponho haver
sido tenha reflexos profundos na ilusão. O fato é que nos períodos quando fui
uma espécie de devoto em serviço a Deus, encontrei uma verdade mais consonante
com o que me parecia mais concreto, algo de valia extraordinária, como que
criando vínculos com uma nova família, hoje infelizmente já desfeita por um
tipo de religação com Deus que virara uma questão apenas individual e que os devotos
de outrora, meus pares do templo, já não os encontro, incluso o original lugar,
muitos estão geograficamente dispersos, e eu não os posso encontrar, e tenho
razões para isso. Nas questões antigas de outras religiões, a recorrência da
busca sempre houve, disto no tai chi chuán, no espiritismo kardecista, em
aproximação com a umbanda, no Cristo e seu pensamento e sua vida e sua
sacralidade, nos movimentos da arte, mas fica sempre o legado maior dos Vedas e
creio ser essa a minha última vertente, responsável por diversos despertares
espirituais que tenho tido em relação aos seres e à amorosidade que possuo por
todos os que pertencem à Natureza, chegando a crer, e isso está nos Vedas, que
dentro do átomo está presente Deus, e é assim como eu o concebo, ao menos ao
conceber Sua presença, o que torna o conceber de Deus para mim algo
praticamente impossível, tal é a minha impressão e tais são as maravilhosas
manifestações que estão já fazendo parte da minha vida, em revelações que se
concretizam passo a passo, e isso graças à minha recente recuperação alcoólica,
ou no caminho de estar frequentando a Irmandade nesse sentido, no algo de estar
sentindo como que uma regeneração por vezes até quiçá material, que sinto em
todo o meu ser.
Afora
tudo o que tenha se passado em minha vida, espero que a recuperação me mantenha
em um bom ritmo e andamento, e tento remover as imperfeições que são muitas em
cada pedra da minha vereda, mas como um bom alcoólico talvez eu seja idealista
demais, o meu desejo é finalmente estar apto a compreender ao menos os passos no
andamento de mais um dia, e que cada dia, só por hoje, seja o recorrer a empreender
o passo que darei no mesmo dia, ou que eu ainda recorra ao primeiro sempre que
enfraqueça na empreitada de estar ou tentar o ato de se estar ao menos sóbrio
neste mundo tão complexo, ou aparentemente complexo, pois agora sei que é
melhor adquirir as ferramentas da simplicidade para continuar a caminhada...
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