CAMINHOS

As pedras, o mar, a consonância e o tempo
Já não claudicara as pernas da poesia
E o outro tempo, meridional, impulsionara as pernas
Naquilo de se prosseguir no caminho, por entre águas
E por entre nichos, as medusas azuis e roxas
Com outras de tonalidades brancas mas afeitas à placidez de seus movimentos...

E prosseguir, a haste de madeira em punho, tateando rochas menores, platôs incrustrados
Na proforma de se conhecer a vereda, o mar que tanto o poeta olha quando no alambrado
E que porventura desconhece seus meandros de uma transparência que estava no ontem...

A se tentar chegar ao término, a ponta, o viés, o encontro, saber dos pássaros e seus diálogos
Quanto de não haver maiores perigos no mar, apenas o dito encontrar-se a um si mesmo
Quando do pertencimento do homem com a Natureza, quando da temperatura e da superfície.

No que seja, não haveria o titubeio da incerteza, pois atento é o olhar do caçador
Quando aponta, isento de algo que não bebera mais, qual não fora a água de antes
Tão cristalina quanto doce, e a caminhada continuou até o sucesso de bater a madeira na rocha
No golpe quase no melhor estilo Samurai, qual espada que não toca a rocha, mas com força
A atinge com a precisão serena de outra virtude, outra, qual não fosse, a arte, a Arte!

Chegando à ponta, um grupo, e o desfecho, nada de desforrar contendas, mas outros encontros
E de novo a superfície dura da rocha, e o homem vira mais duro e a rocha de seus braços não retrai
E prossegue, terá que voltar, e o conforto da calçada de São Tomé lhe chama,
Mas na Verdade escolhe de novo o retorno por mar, pois nem todo o caminho
Se traduz o mesmo, e nem todas as medusas marinhas o estarão esperando no mesmo lugar
Posto que, na volta, um ônibus, já em terra, o faz desabar a haste de madeira
E as crianças veem o mar, e se debruçam, crianças mais pobres
Naquilo do encontro repetido, de mais um dia, mais um caminho,
De uma série de outros que virão como exercícios compulsórios de beleza...